Saímos de Copacabana – cidade que é capital da Bolívia no
Lago Titicaca – com 3.850 metros de altitude e passagem para a “Isla del Sol” –
com a Van de tanque vazio – com óleo para abastecer rápido do lado peruano – e
atravessamos a fronteira – acreditem – sem problemas com os bolivianos e
entramos no Peru fazendo amizade com o pessoal da Duanda (aduana) que,
encantados com a Orquestra Sanfônica do Mestre Luiz Galdino, permitiram um
ingresso rápido com autorização para ficarmos três meses na terra do Império de
Inti – los quéchuas são pessoas
tranquilas e adeptos da Cosmologia Inka – Hare La Pachamama!!
Já no Peru, no primeiro povoado – com a Van andando no
cheiro do petróleo cochabambino – abastecemos e sentimos os quase 100% de
aumento no valor de encher o tanque – faz parte do jogo!! Começamos a arrodiar
o Lago Sagrado de Los Inkas e nos deparamos com um comedor na hora do almoço servindo uma entrada de caldo de pollo com truchas fritas e papas
cozidas – com tempero andino! Lá conhecemos o belga lôko François pedalando contra o vento! O belga já havia feito,
dentre outras - Paris-Dakar e Recife-
Buenos Aires – agora pedalando pertinho das nuvens e tranquilo – dizia que
estava indo para os Estados Unidos e que tinha gostado muito do calor do
Nordeste do Brasil. Conversamos e produzimos imagens na beira do Lago, para
produção de matéria especial focando a agradável solidão de estar nos Andes pedalando
picos gélidos.
Em Puno – Capital do Folclore Peruano – fizemos uma parada
rápida para revisitar a cidade e tratar de abastecimentos e cuidados médicos –
o soroche insistia em querer derrubar
o sistema com dores e reações que implicam em muito matte de coca! Dia comprido, resolvemos continuar a viagem e fomos
abordados pela polícia peruana maligna – morremos em mais propina por viajar de
dia de farol desligado – cada uma!!!! Juliaca ficou e na subida de La Raya
pernoitamos ao sabor de aguadito de pollo
e estufado de alpaca! Noite fria com
menos de 5 graus e a esperança de partir cedinho rumo à Capital do Império
Inka!
Despertamos e partimos rumo aos Picos Nebados de La Raya e
Pichu – batemos pertinho dos 5 mil de altitude e nos deparamos com um
restaurante vegetariano, onde conhecemos um MENU com sopa de trigo – com
direito a yuca, papa, juno, espinaco,
maiz, cenora e um tempero com as delícias das ervas andinas – muito leche e matte de coca para combater o soroche. Cortamos uma série de pueblocitos e entramos no Estado de
Cusco – a paisagem fantástica com picos nebados,
pastos de lhamas, alpacas e vicunhas, contrastando com o rebanhos dos merinos pacenhos!!!
Entramos em Cusco ainda de tarde e fomos à Chincana Wasi –
agora sob nova direção e sem estacionamento – partimos para o Vale Sagrado e
encontramos os ceramistas em Ccorao e os velhos amigos xamã Mauro Canteros e o
quéchua Eduardo na Praça de Armas de Pisac, sob os auspícios da Cosmologia Inka
e promessas de participação em mais uma cerimônia inka de solstício de inverno
em 2013. Fechamos o dia na busca de um hotel em que coubesse a Van –
encontramos por graça divina o amigo Federico Moreyra – que nos levou a El
Portal na Calle Maratá – na região central do “Umbigo do Mundo”. Descanso e uma
revisitação do subconsciente através dos
tradicionais sonhos sob efeito da altitude e muito frio – sempre que estou na
Cordilheira isso acontece!!! É papo para o amigo médico Veloso!! Ary Munani –
Hare Pachacutec!! O Mestre Vitalino e Gonzagão fizeram uma parceria na Plaza de
Armas ao som das quenas e dos charangos!!!!
Andeon & Amazon
Depois do primeiro desayuno
em Cusco partimos para a Andeon & Amazon
do nosso anjo de guarda Federico Moreyra – operador de turismo no Peru e Rio
Branco, no Acre. Conhecemos a bela estrutura, o pessoal e a brasileira Liliane
Cascaes - macapaense que faz mestrado em turismo na Universidad Nacional Santo Antonio Abad del Cusco! Ótimos contatos
na área da possibilidade da representação no Nordeste de pacotes da Trilha
Inka, Machupicchu e os atrativos das selvas peruana e brasileira. O Federico se
despediu com a missão de assessorar uma delegação de japoneses durante quatro
dias na trilha rumo a Machupicchu (uma das maravilhas do mundo) – vamos
trabalhar a ideia de levar peruanos para o Nordeste durante a Copa do Mundo de
2014.
Em Ccorao – Vale Sagrado de los Inkas - fechamos a
participação do Mestre Luiz Galdino em oficinas e exposições durante o período
de 12 a 20 de junho de 2013 na Escola de Cerâmica de Ccorao – parceira de
coreanos e peruanos – e na Capital do Império Inka – a Orquestra Sanfônica
interpretou parte da obra do Mestre Gonzagão, com solos do pífano do Mestre
Vitalino, para comemorar a primeira vitória do intercâmbio aberto em 2009 com a
Expedição “Da Capital do Forró à Capital do Império Inka”. O artesão e
coordenador da Escola de Cerâmica lembrou de Picchu Picchu e mandou um puma para ela brincar com Lucas! Muñecas cusquenhas fazem a festa da
garotada com as “Olívias” do Alto do Moura!!!
No retorno, mais uma tentativa de conversar com as
autoridades da Empresa de Festejos de Cuscos, a EMUFEC – amigo Ramiro Leon - e um menu no
Tronquito com sopa de sêmola com milanesa de pollo, mazamorra e matte de coca – descanso na Calle Maratá e encontro com famílias de argentinos de
passagem para Puno!!!!
As bruxas do
Mercado de San Pedro
No terceiro
dia em Cusco percebi que esta passagem era para consolidar espaços, conquistas
de projetos feitos de coração aberto e com princípios de prevalecer a ideia do
Intercâmbio de Culturas Populares entre os Povos da Cordilheira e do Nordeste
do Brasil – com foco na Arte no Barro e na sonoridades das quenas, pífanos,
charangos, bongos, zabumbas e acordeões. Ary Munani, diria o inka Froiland,
para confirmar a determinação de execução de um projeto que, até agora é fruto
da iniciativa privada e determinada a unir o imaginário popular do inconsciente
dos Mestres das Artes no Barro de Cusco e de Caruaru. Conheci, através de um
vídeodocumentário e visitas da periodista
Rosely Moreyra Portillo, os grandes maestros
da cerâmica cusquenha e amarramos encontros com o Mestre Luiz Galdino em junho
de 2013. A arte no barro dos inkas está registrada em museos e continua aparecendo todos os dias nos trabalhos
contemporâneos e dos arqueólogos, que não param de trabalhar em projetos de
resgate de relíquias das culturas Inka – particularmente em Cusco!!!
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Rans aguardam a hora de serem degustadas em caldo afrodísiaco e com dezenas de propriedades medicinais |
Conseguimos
amarrar parcerias com a periodista e
ceramista Amélia Ccorao e com a turismóloga Liliane para apoios nos projetos e
representação junto à Emufec na área de apoios governamentais do lado peruano.
Janela aberta para o intercâmbio de oficina e exposições da arte no barro de
Caruaru no Império do Sol. Nas calles
cusquenhas, os bonecos de barro são confundidos pelos niños com os mariaques mexicanos – Vera Cruz não é no México – é a
Kirimurê dos Tupinambás!! Tudo bem – cansado e com o sentimento do “agora vai”
revisitamos o Mercado de San Pedro para compras e visita às bruxas das
Cordilheiras!!!
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Sítio Arqueológico de Puka Pukara
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Cusco
continua sendo uma cidade cosmopolita, repleta de todos as tribos do planeta,
numa comunhão com a Cosmologia Inka e as deidades dos Andes!!!
Vamos descer
a Cordilheira Negra e entrar na Selva Peruana!!!